A convite do Comitê “Defender o Haiti é Defender a Nós Mesmos” (ALESP/SP), Jean Charles Moise, o senador que aprovou por unanimidade, no Senado Haitiano, a retirada das tropas da ONU de seu país, esteve no Brasil para pedir o fim da ocupação da ONU, iniciada em 2004.
Juiz de Fora – cidade que concentra o maior contingente de soldados no batalhão brasileiro - foi recebido pelo vereador Roberto Cupolillo (PT) em Audiência que lotou a Câmara dos Vereadores da cidade em 15/4. Em seu discurso, convidou os presentes para a Conferência Continental pela Retirada das Tropas da MINUSTAH do Haiti, em 1º. de junho, em Porto Príncipe, data na qual há nove anos atrás, quando o então presidente Aristide foi deposto em golpe articulado pelos Estados Unidos, as tropas das Nações Unidas ocuparam o país.
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Em discurso na Câmara dos Vereadores, explicou que o presidente Martelly, eleito de forma fraudulenta, bancado pela OEA “Organização dos Estados Americanos”, adiou as eleições e com isso o senado já não renovou um terço de seus quadros. “Se continuar assim, acabaremos sem senadores no Haiti”, afirmou Moise. Como saldo da visita, formou-se um Comitê na cidade para organizar delegação que deverá participar do evento no país irmão.
Brasília. O senador iniciou sua visita com um debate em uma escola pública no Gama, organizado pela Juventude Revolução (JR), com mais de 200 secundaristas no plenário que gritava palavras de ordem como "Soberania, tem que existir, retire as tropas do Haiti!". Em discurso emocionado, relatou casos de estupros e enforcamentos de jovens haitianos, que os soldados da força de ocupação da ONU – chefiada pelo Brasil – têm cometido no Haiti. Em ato organizado na CUT DF, diversos sindicatos solidarizaram-se aos trabalhadores haitianos, fortemente reprimidos pelas tropas da MINUSTAH. Ismael Cesar, que coordenou a mesa pela CMS – Central de Movimentos Sociais - chamou todos à “defesa da soberania do povo haitiano” e fez apelo para que o “DF mandasse uma boa delegação à Conferência em junho próximo”.
http://www.pt.org.br/noticias/view/senador_haitiano_visita_o_brasil_pela_retirada_das_tropas_da_onu_de_seu_pai
Markus Sokol (DN/PT) relatou “começamos a campanha em 2004, quando o governo brasileiro disse que ia ficar 6 meses para organizar as eleições e depois sairia. 9 anos depois a situação só piorou. A nossa solidariedade com a soberania do povo haitiano não vai terminar até que as tropas saiam do país”.
O senador foi recebido ainda pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara Federal, deputado Pellegrino (PT/BA), em reunião que contou ainda com a presença de Luiza Erundina (PSB/SP) e Fernando Ferro (PT/PE) e Jose Stedile (PSB/RS), alem da coordenadora de relações internacionais do PSB Lygia di Moura. A senadora Ana Rita (PT/ES), presidente da Comissão de Relações Internacionais do Senado, que o recebeu junto com o senador Suplicy (PT-/SP) e Paulo Paim (PT/RS), comprometeu-se com o envio de representante a Conferência em junho próximo. O senador destacou que “o governo não respeita a lei e tem agenda própria, contrária à maioria do povo, que já mostrou, que é pela saída das tropas do país”. O senador foi ainda recebido no Itamaraty pelo Diretor do Departamento da America Central e Caribe do Ministério de Relações Exteriores, Nelson Tabajara de Oliveira. Em todas as atividades, o senador ressaltava que o Brasil, mesmo liderando as tropas, estava no país a serviço dos governos dos Estados Unidos e França, “fazendo o trabalho sujo para o imperialismo”.
São Paulo. O senador foi recebido pelo vereador Jose Américo (PT/SP), presidente da Câmara dos Vereadores e pela vereadora Juliana Cardoso (PT/SP). Américo se comprometeu com uma representação oficial da Câmara na Conferência de junho no Haiti. Ainda na capital paulista, audiência publica lotou o auditório da Assembleia Legislativa de São Paulo dia 18/4, em mesa dirigida pelo deputado Adriano Diogo (PT/SP) e composta por Julio Turra (CUT) Milton Barbosa (MNU), Marcelo Buzzeto (MST) Joelson Sousa (JR), pela vereadora Juliana Cardoso (PT), por Catia Silva (Combate ao Racismo DM/PT) e Barbara Corrales (corrente O Trabalho do PT). Barbara destacou “se a MINUSTAH está ajudando, como afirmam os governos e a própria ONU, porque 5 mil haitianos estão refugiados no Acre, abandonados à própria sorte, fazendo o governador deste estado decretar ‘estado de emergência social’? As tropas ameaçam o povo com a dispersão, pois a ocupação lhes nega tudo, a começar por seu próprio futuro. A ajuda que o governo brasileiro pode dar ao povo haitiano deve começar pela retirada das tropas”. O senador, ao responder perguntas do plenário afirmou “as tropas não trabalham para resolver as questões sociais. Elas trabalham para reprimir os trabalhadores em seu direito de manifestação”. Sobre a epidemia de cólera levada ao país pela ONU, que já matou mais de 9 mil haitianos e contaminou 700.000 o senador afirmou “o povo haitiano precisa ser indenizado pelos prejuízos causados à população pelo vírus do cólera. A ONU precisa reconhecer este direito do meu povo!” E terminou conclamando a solidariedade “ A ocupação atinge nossa dignidade como povo. Fere a autodeterminação do povo haitiano!”. Turra, da CUT, destacou a contradição na política externa brasileira, “a presidente Dilma acertou ao reconhecer a vitória de Nicolás Maduro e ao comparecer à posse do novo presidente da Venezuela, contrariando a posição dos Estados Unidos. Mas no Haiti, o Brasil está jogando o papel de terceirizado dos Estados Unidos”.
http://www.cut.org.br/acontece/23152/contradicao-brasil-contraria-eua-na-venezuela-mas-continua-apoiando-na-ocupacao-do-haiti
O senador terminou afirmando “quero sensibilizar os países e o mundo sobre a questão do Haiti através da Conferência de 1º. Junho“. Ele seguiu viagem à Argentina, a convite da Central dos Trabalhadores da Argentina- CTA Capital e do Comitê de Solidariedade pela Retirada das tropas argentinas do Haiti, onde participará de audiência publica na Câmara dos Deputados da Nação, receberá outorga de Cidadão Ilustre da cidade de Buenos Aires e ainda fará reuniões sindicais na CTA e participará de debates com estudantes na Universidade de La Plata.
Barbara Corrales – Comitê “Defender o Haiti é Defender a Nós Mesmos” Assembleia Legislativa de São Paulo
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