Compromisso do Ato Continental

“Aba Okipasyon, Aba Minustah”
Fora as tropas da ONU do Haiti!

Reunidos em Ato Público na Câmara Municipal de São Paulo, vindos de sete países cujos governos estão envolvidos na ocupação do Haiti e de 12 Estados do Brasil, NÓS FIRMAMOS UM COMPROMISSO de solidariedade militante com a soberania da nação negra do Haiti!Há mais de sete anos no país, as tropas da “Missão da ONU para a estabilização do Haiti” (Minustah) são responsáveis pela violação da soberania do país, com agressões aos direitos humanos, que causam mortes – efeitos "colaterais" de um estado de guerra permanente –, e a repressão a manifestações democráticas, sindicais, estudantis e populares. Os soldados da Minustah introduziram no país o vibrião do cólera, que já matou 6.500 haitianos e contaminou mais de 300 mil. Sobre eles pesam acusações fundadas de violência sexual e estupro de jovens, que, como outros crimes, seguem impunes, dada à sua imunidade legal.No último dia 15 de outubro, o Conselho de Segurança da ONU, insensível às demandas expressas em diferentes países por vários setores, e pelo próprio povo haitiano, renovou por mais um ano o mandato da Minustah (reduzida ao contingente anterior ao terremoto), e ainda “manifestou sua intenção de renovar o mandato da missão para além de 2012”!

NÓS ESTABELECEMOS O COMPROMISSO E EXORTAMOS a todos e todas, com suas organizações, a não sair das ruas enquanto não terminar essa operação militar, irmanando-se ao povo haitiano, que exige o respeito à sua soberania em seguidos protestos contra a ocupação – que tampouco pode ser substituída por tropas mercenárias.

Temos uma dívida histórica com o povo haitiano. O Haiti foi pioneiro na abolição da escravidão. Há 208 anos, expulsou as tropas coloniais de Napoleão e constituiu-se como primeira república negra do mundo. Mas foi obrigado a pagar "compensações" à França por perdas de propriedade – terras e escravos – à custa de uma enorme sangria de recursos ao longo de sua história.

Sofreu várias ocupações militares, a última, em 2004, decidida pelo imperialismo estadunidense junto com a França e o Canadá, que derrubaram o então presidente eleito, Jean-Bertrand Aristide.

A partir de então, mascarada pela ONU como "missão de estabilização", a ocupação do Haiti por tropas militares e policiais de mais de 40 países, é comandada pelo Exército brasileiro.

O governo brasileiro assumiu a responsabilidade, não em nosso nome, pelo comando militar das tropas da Minustah, que encobre interesses imperialistas. A Minustah facilita ainda mais a exploração vil da mão-de-obra local pelas multinacionais em "zonas francas" sem direitos nem proteção social, com uma repressão selvagem aos trabalhadores, denunciada por suas organizações, tudo sob a tutela de fato da CIRH, a dita Comissão Interina de Reconstrução do Haiti, cujo responsável é nada menos que Bill Clinton.

NÓS ESTABELECEMOS O COMPROMISSO, E EXIGIMOS DOS GOVERNOS dos nossos países – Brasil, Uruguai, Argentina, Bolívia, Estados Unidos, França – que cessem imediatamente sua participação nessa vergonhosa operação. A presença das tropas da ONU sequer ajudou aos atingidos pelo terremoto, preferindo socorrer os bairros ricos. Quase dois anos após a catástrofe, mais de 1 milhão de haitianos continuam desabrigados. Tampouco serviram para estabelecer a democracia, nem poderiam. Foram fiadoras, por exemplo, da última farsa eleitoral, na qual apenas 17% dos haitianos votaram.

A partir de hoje, nos constituímos em Comitê Continental pela Imediata Retirada das Tropas da ONU do Haiti, respaldados em ações semelhantes neste dia também no Canadá, México, Peru e Equador. Chamamos à constituição de Comitês Pela Imediata Retirada em todos os países do continente. E propomos, em particular à Conferência Caribenha de Cap Haitien, Haiti (16-18 de Novembro), uma Jornada Continental pela Retirada das Tropas na data dos 8 anos da ocupação do Haiti, em 1º de junho de 2012, com atos e manifestações em face dos respectivos governos. Por isso defendemos: O Haiti precisa de médicos, engenheiros, professores e técnicos, não de soldados! Cancelamento da dívida externa do Haiti! Restituição dos valores pagos e ressarcimento da dívida imoral da independência! Reparação às famílias vítimas do cólera e de violações dos direitos humanos! Retirada Imediata das Tropas da ONU do Haiti!

ESTE É O NOSSO COMPROMISSO, pois defender o Haiti é defender a nós mesmos! Haiti - Fignolé St Cyr, da Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti; Estados Unidos - Colia Clark, do movimento pelos direitos civis dos anos 60 (militantes do NAACP no Mississipi); Kim Yves, do jornal Haiti Liberté e Dan Coughlin, da revista The Nation, Bolivia Nelson Guevara Aranda, do Sindicato dos Mineiros de Huanuni; Uruguai Hugo Dominguez, Sind.Metalúrgicos da PIT-CNT e Andres Uriostes-Coordinadora por el Retiro de las Tropas; Argentina - Natalia Saralegui,“Comite Argentino por la Retirada de las Tropas”; Prof. Henry Boisrolin Comite Democratico Haitiano em Argentina;França : Jean Marquiset, Partido Operário Independente. BRASIL: Julio Turra – CUT; Joaquin Piñero – MST; Joelson Souza- Juventude Revolução; Milton Barbosa- MNU; Rosi Wansetto - Jubileu Sul; Markus Sokol - Corrente O Trabalho do PT; Deputado Adriano Diogo (PT/SP), Deputado Jose Candido (PT/SP); Claudinho Silva (SOS Racismo/Secr Estadual Combate Racismo PT); Lucia Skromov (Comite Pro Haiti); Barbara Corrales (Comite Defender Haiti é Defender a Nos Mesmos).

http://retiradatropashaiti.blogspot.com/
Comite Defender Haiti [comitedefenderhaiti@uol.com.br]