16 de dez. de 2015

As organizações e personalidades abaixo-assinadas se identificam com a carta da Associação dos Trabalhadores e Povos do Caribe e se mostram preocupadas com as denúncias de violência no Haiti.

Contrárias a qualquer repressão às liberdades de expressão e ataque aos direitos humanos e " em nome da solidariedade operária, em nome da democracia, em nome dos direitos do povo do Haiti e de suas organizações, em nome do respeito aos "Direitos Humanos do Povo",  se solidarizam à luta do povo haitiano!

Eduardo Suplicy , Secretário de Direitos Humanos de São Paulo
Vereadora Juliana Cardoso (PT/SP)
Vereador Paulo Fiorilo, Presidente do PT de São Paulo
Rosilene Wansetto, Jubileu Sul
Gegê, Luis Gonzaga, CMP Central de Movimentos Populares
Milton Barbosa, MNU Movimento Negro Unificado
Flavio Jorge, CONEN Coordenação Nacional de Entidades Negras
Cássia, Secretaria de Relações Internacionais do MST

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ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES E POVOS DO CARIBE - ATPC


Guadalupe, 20 de novembro de 2015


Às organizações do movimento operário e democrático do Caribe e do continente,

Caros companheiros, caros amigos,

De companheiros, amigos e irmãos do Haiti, temos recebido informações alarmantesreferentes à repressão as quais trazemos ao conhecimento de vocês.
Numa Nota à Imprensa de 11 de novembro, o Bureau de Advogados Internacionais (BAI) "...denuncia com veemência as violações sistemáticas dos direitos de liberdades públicas da população haitiana pelo governo Martelly-Paul, seja em Arcahaie, por ocasião de movimentos de protesto contra o decreto de 22 de julho de 2015 que cria uma nova comuna denominada "Comuna das Arcadins", seja em todo o país para denunciar os resultados das eleições presidenciais de 25 de outubro que não passam da expressão de uma ampla e maciça fraude eleitoral..."
Lembremos que tudo isso ocorre um pouco mais de um mês depois das violências cometidas em Cité Soleil, com um saldo de duas dezenas de vítimas, nas quais a Brigada de Operação e de Intervenção Departamental (BOID) está implicada.
No mesmo sentido um grupo de profissionais, trabalhadores, artistas, escritores, pesquisadores, jornalistas, docentes universitários, professores, estudantes e militantes políticos, homens e mulheres do Haiti, expressaram sua indignação numa carta aberta à Sra. Sandra Honoré, Representante especial do Secretário Geral das Nações Unidas, que é o chefe da Minustah:
"...Por que deveríamos, hoje, dar crédito a vossa senhoria? Como silenciar sobre as eleições de 9 de agosto e de 25 de outubro de 2015 sobre as quais a senhora negou a existência de fraudes? Como acreditar em vossa senhoria, senhora Embaixadora, quando a senhora e alguns outros embaixadores, reunidos num certo grupo, integrado à União Europeia e à OEA, aplaudiram calorosamente, nas primeiras horas, essas eleições como sendo, senão as melhores desde 1987, ao menos como as mais "dignas do Haiti", enquanto todo o mundo está vendo, sob a pressão da rua, que, na verdade, trata-se da maior operação de fraude eleitoral jamais concebida e operacionalizada nestes últimos 30 anos no Haiti...
As manipulações e a desfaçatez desse grupo são tão evidentes e maliciosas que elas acabaram por fazer compreender a todos os haitianos, e particularmente a nós, deste coletivo de indignados, que os conceitos de democracia, Estado de direito, justiça, eleições LIVRES, HONESTAS e TRANSPARENTES não são valores universais que se impõem a todos mas são apenas slogans para a legitimação de certos poderes, submetidos a certos ditames e servindo cegamente a certos interesses...
Baseados em todo o exposto, dizemos-lhe BASTA! CHEGA!Pare de se fazer cúmplice dos carrascos do povo haitiano!
Pare de se colocar no caminho do povo haitiano em direção a seu destino de orgulho e dignidade!Pare de nos considerar como cobaias e como terra de experimentação de vossos projetos fracassados!
Deixe-nos escolher livremente nossos dirigentes e modelar nossas instituições no respeito de nossos valores e da dignidade humana!"
O jornal Alter-Presse de 18 de novembro informa: "Uma manifestação de milhares de pessoas, convocadas pela oposição para exigir uma avaliação independente dos resultados das eleições presidenciais de 25 de outubro foi violentamente dispersada pela polícia na tarde de 18 de novembro de 2015 em Pétionville (à leste da capital). Diversas pessoas ficaram feridas - entre as quais estão ao menos dois candidatos a presidente, o Senador Steven Benoit e o ex-senador Jean-Charles Moise - quando a polícia atirou gás lacrimogênio e balas de borracha no momento em que os manifestantes chegavam diante da sede do Conselho Eleitoral Provisório (CEP)..."
Assim, em nome da solidariedade operária, em nome da democracia, em nome dos direitos do povo do Haiti e de suas organizações, em nome do respeito aos "Direitos Humanos do Povo", como pede o BAI, nós apelamos ao seu apoio e à sua solidariedade.
Recebam, caros Companheiros, caros amigos, nossas saudações militantes e fraternais.
Pela ATPC, Robert Fabert