2004-2014 : Dez
anos é demais, a MINUSTAH deve partir!
Após
o golpe de Estado - sequestro de 20 de fevereiro 2004 contra o presidente Jean
Bertrand Aristide, democraticamente eleito para um mandato de 5 anos, as
grandes potências imperialistas : Estados Unidos, França, Canadá entre
outras, impuseram ao Haiti uma força de ocupação, diziam eles, para estabilizar
o país. Essa força se chama Missão das Nações Unidas para a Estabilização no
Haiti (MINUSTAH) e é composta de soldados de alguns países do continente entre os
quais a Argentina, o Uruguai, o Chile, a Bolivia... e é chefiada pelo Brasil.
Dez anos depois o balanço da MINUSTAH é
calamitosos em termos de violação dos direitos à autodeterminação do povo haitiano
e dos direitos humanos cujo respeito é a ONU, enquanto Organização, a
responsável por garantir. Os soldados da ONU participaram de diversos massacres
ocorridos nos bairros pobres: Cité Soleil, Bel Air, La Saline, Grand-Ravine.
Eles não cessam de cometer crimes de
estupro, de enforcamento, de homicídio, de tortura no país, e, tudo na mais
completa impunidade. Para eles a imunidade é sinônimo de impunidade. Em 2010,
os soldados da ONU introduziram a epidemia do cólera no Haiti que já matou mais
de 8.000 haitianos e infectou 800.000 outros. Além disso, a presença da força
da ONU não faz progredir a democracia no Haiti. A realização de eleições está
atrasada há mais de três anos não permitindo a renovação política e administrativa. O mau governo e a
corrupção tornaram-se a regra sob o olhar da MINUSTAH.
No plano legal, a presença das forças da
ONU no Haiti viola a carta das Nações Unidas, a carta da Organização dos Estados
Americanos e a Constituição haitiana. O povo haitiano jamais aceitou a presença
dessa força. Manifestações em todo o território haitiano, assim como uma
resolução do Senado exigem a retirada incondicional da MINUSTAH do Haiti. O
verdadeiro objetivo da força da ONU é o de sujeitar e tornar servil a primeira
República Negra do mundo. “Há duas maneiras de subjugar e conquistar uma Nação:
uma pelas armas, a outra pela dívida”, dizia John Adams.
Para o Haiti, a escolhida foi a primeira
opção, depois que a segunda falhou.
Solidariedade
internacional.
Desde 2008, o Haiti beneficiou-se da
solidariedade dos povos dos mais diferentes países, notadamente da América
Latina e do Caribe:
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Junho
de 2008, uma conferência foi realizada em Porto- Príncipe.
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Em
5 de Novembro de 2010, em São Paulo, um Ato Continental exigiu a retirada imediata
das tropas da ONU do Haiti.
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Nos
dias 16, 17 e 18 de Novembro 2011, ocorreu uma conferência caribenha em torno
do tema : “Juntos por um Haiti soberano : Fora a MINUSTAH”, em
Vertieres, cidade de Cabo Haitiano.
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1º
de Junho de 2012, Jornada Continental em Porto Príncipe sobre “ Pela
retirada imediata da MINUSTAH do Haiti e pela plena soberania do povo haitiano”.
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A
resolução do Senado de 28 de maio de 2013 dando prazo para a retirada da
MINUSTAH até 28 de maio de 2014.
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De
31 de Maio ao 1º de Junho 2013, uma conferência continental pela retirada das
forças da ONU em torno do tema “Defender o Haiti, é defender a nós
mesmos”.
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Em 10 de Outubro, uma delegação esteve nas
dependências da ONU em Nova York para entregar aos responsáveis das Nações
Unidas as principais reivindicações do povo haitiano que não são outras que a
retirada imediata das tropas da MINUSTAH
e
a indenização das vítimas do cólera. O governo haitiano, sob a batuta da ONU,
se recusa a atender as reivindicações.
Apoiado em
todas essas atividades, o combate pela retirada das tropas da ONU, pelas
indenizações das vítimas do cólera, pela restituição dos montantes extorquidos
após a Independência deve continuar sem trégua.
Dez anos, é demais !
É inaceitável!Nós dizemos NÃO à
ocupação !
Nós
jovens, estudantes, trabalhadores, camponeses, organizações sindicais,
progressistas, dos movimentos democráticos, das mulheres, do povo dos bairros
populares, hoje mais do que nunca, chamamos para uma grande mobilização contra
as tropas da ONU no Haiti.
Nessa
perspectiva, propomos a Organização de uma Jornada Continental de mobilização em
1º de Junho 2014, data que marca o 10º aniversário do desembarque das forças da
ONU, com atos, manifestações, delegações, que interpelem os governos dos países
da CELAC, em particular, iniciativas junto aos respectivos parlamentos, para
que apoiem a resolução do Senado haitiano,
Primeiros
signatários:
Haiti-Liberté,
Yves Pierre-Louis; Coordenação Dessalines (KOD), Oxygène
David; Movimento Liberdade e Igualdade pela Fraternidade dos Haitianos (MOLEGHAF),
Thomas Jean-Dieufaite; Grupo de Iniciativa dos Educadores em Luta (GIEL),
Léonel Pierre; Central de Trabalhadores dos setores público e privado (CTSP),
Jean Bonald G. Fatal; Grupo haitiano simpatizante da 4a
International, Joachim Stanley-wood Duckson; Partido Revolucionário pela
Organização e o Progresso (PROP), Simeon Wisly; Comitê de Ligação de
Organizações de Base e de Sindicatos (GLOBS), Raymond Davius; Senador Moise
Jean-Chales.