Situação em ebulição pede saída do presidente fantoche e das tropas da ONU
Desde que Michel Martelly assumiu o poder em 14 de maio de 2011, fruto da fraude eleitoral montada pelos EUA, seu governo pratica atos ilegais e provocações: prisão de manifestantes e de deputados num ato contra a corrupção; formação de milícias de direita; libertação de criminosos próximos do presidente; tentativa de imposição de um ilegal conselho eleitoral.
A descarada corrupção do regime é a principal questão que leva o povo a um ponto de ebulição: despesas diárias de U$20.000 para Martelly em suas viagens com a família e comitiva; contratos de construção no valor de 2,6 milhões de dólares com o senador da República Dominicana (país vizinho) Félix Bautista, sem qualquer resultado visível num país em escombros; desvio de milhões de dólares do fundo da PetroCaribe (bancado pela Venezuela) reservado para programa sociais; desaparecimento de 100 milhões de dólares de ajuda internacional após o terremoto de janeiro de 2010.
Neste quadro, um cidadão haitiano entrou com ação judicial por corrupção contra a esposa de Martelly e seu filho. O juiz encarregado, Jean Serge Joseph, intimou o primeiro ministro Lamothe e outros altos funcionários do governo, o que levou Martelly, em 11 de julho, ordenar ao juiz recuar. Dois dias depois, o juiz Joseph morreu de hemorragia cerebral provocada por estresse ou veneno.
Pode ser a gota d´água
Este episódio pode ser a gota d’água para uma rebelião de massa contra a permanência de Martelly na presidência, enquanto as tropas da ONU, Minustah, chefiadas pelo Brasil, prometem permanecer no Haiti indefinidamente. Isso, apesar da resolução unânime do Senado, por iniciativa do senador Jean-Charles Moyse que recentemente esteve no Brasil, que pede sua saída no máximo até maio de 2014.
Várias forças políticas, organizações sindicais e populares, anunciam uma grande manifestação em 30 de setembro para exigir a saída de Martelly e da Minustah.
As organizações haitianas que recepcionaram a Conferência Continental de 1º de junho deste ano realizada em Porto Príncipe, estão propondo para 10 de outubro uma nova audiência na sede da ONU em Nova York, contra a renovação do mandato da Minustah. Voltaremos ao assunto em próxima edição.
Governo e ONU querem destruir memorial de resistência
No final de agosto, cidadãos de Port Salut, cidade onde o jovem Johnny Jean foi estuprado por tropas uruguaias da missão da ONU em setembro de 2011, denunciaram numa petição a intenção da Minustah e do governo Martelly-Lamothe de destruir a praça “Resistência”.
Memorial dedicado às vítimas da força de ocupação militar da ONU (no país desde junho de 2004), a praça “Resistência” é vista pelo povo como um símbolo de liberdade e da vontade de ver fora do Haiti a Minustah.
A petição denuncia pressões sobre as autoridades locais de Port Salut para a demolição dessa praça pública, sob pretexto que ela foi construída pela oposição para “prejudicar a missão que lá está para proteger o governo”.