23 de set. de 2013

Haiti: “Fora Martelly, Fora Minustah”

Situação em ebulição pede saída do presidente fantoche e das tropas da ONU

Desde que  Michel Martelly assumiu o poder em 14 de maio de 2011, fruto da fraude eleitoral montada pelos EUA, seu governo pratica atos ilegais e provocações: prisão de manifestantes e de deputados num ato contra a corrupção;  formação de milícias de direita; libertação de criminosos próximos do presidente; tentativa de imposição de um ilegal conselho eleitoral.

A descarada corrupção do regime é a principal questão que leva o povo a um ponto de ebulição: despesas diárias de U$20.000 para Martelly em suas viagens com a família e comitiva; contratos de construção no valor de 2,6 milhões de dólares com o senador da República Dominicana (país vizinho) Félix Bautista, sem qualquer resultado visível num país em escombros; desvio de milhões de dólares do fundo da PetroCaribe (bancado pela Venezuela) reservado para programa sociais; desaparecimento de 100 milhões de dólares de ajuda internacional após o terremoto de janeiro de 2010.

Neste quadro, um cidadão haitiano entrou com ação judicial por corrupção contra a esposa de Martelly e seu filho. O juiz encarregado, Jean Serge Joseph, intimou o primeiro ministro Lamothe e outros altos funcionários do governo, o que levou Martelly, em 11 de julho, ordenar ao juiz recuar. Dois dias depois, o juiz Joseph morreu de hemorragia cerebral provocada por estresse ou veneno.

Pode ser a gota d´água

Este episódio pode ser a gota d’água para uma rebelião de massa contra a permanência de Martelly na presidência, enquanto as tropas da ONU, Minustah, chefiadas pelo Brasil, prometem permanecer no Haiti indefinidamente. Isso, apesar da resolução unânime do Senado, por iniciativa do senador Jean-Charles Moyse que recentemente esteve no Brasil, que pede sua saída no máximo até maio de 2014. 

Várias forças políticas, organizações sindicais e populares, anunciam uma grande manifestação em 30 de setembro para exigir a saída de Martelly e da Minustah.

As organizações haitianas que recepcionaram a Conferência Continental de 1º de junho deste ano realizada em Porto Príncipe, estão propondo para 10 de outubro uma nova audiência na sede da ONU em Nova York, contra a renovação do mandato da Minustah. Voltaremos ao assunto em próxima edição.

Governo e ONU querem destruir memorial de resistência

No final de agosto, cidadãos de Port Salut, cidade onde o jovem Johnny Jean foi estuprado por tropas uruguaias da missão da ONU em setembro de 2011, denunciaram numa petição a intenção da Minustah e do governo Martelly-Lamothe de destruir a praça “Resistência”.  

Memorial dedicado às vítimas da força de ocupação militar da ONU (no país desde junho de 2004), a praça “Resistência” é vista pelo povo como um símbolo de liberdade e da vontade de ver fora do Haiti a Minustah. 

A petição denuncia pressões sobre as autoridades locais de Port Salut para a demolição dessa praça pública, sob pretexto que ela foi construída pela oposição para “prejudicar a missão que lá está para proteger o governo”.

3 de set. de 2013

Deputado Esteban Pérez, do MPP Movimento de Participação Popular (Frente Ampla) apresentou sua renuncia em abril passado a Camara no Uruguai

O que precipitou sua renuncia foi a negativa em votar o projeto de Lei que autorizava a permanência das tropas uruguaias no Haití, contra o mandato da bancada governista.

O deputado disse que “temos princípios irrenunciáveis”  e pediu  “perdão por não ter podido convencer a seu grupo político do dano que se fazia ao Haití e aos haitianos”.

Abaixo íntegra da carta do deputado:

CARTA ABIERTA AL SR. PRESIDENTE DE LA REPÚBLICA

Sr. Presidente  de la República Don José Mujica.

La presencia de la MINUSTAH  representa una violación flagrante de la soberanía y del principio de autodeterminación del pueblo haitiano.

Por lo tanto HAITI se encuentra en una situación neoliberal controlada por la MINUSTAH que es, de hecho, una fuerza de ocupación.

Ésta constituye el mayor perjuicio ocasionado por la MINUSTAH contra el pueblo de HAITÍ, pero además hay que agregarle  represión a movilizaciones populares, masacres en barrios populares, violaciones de niñas y mujeres pobres.

Mientras se despilfarran  600 millones de dólares por año para mantener las tropas allí, es un mal precedente para otros pueblos y nuestro país, como le está ocurriendo a otros en el mundo, también podría ser víctima de esta barbaridad.

La MINUSTAH está en HAITI para reforzar el sometimiento de su pueblo sosteniendo estructuras de dependencia y manteniendo el rol de HAITI en la división internacional del trabajo como país proveedor de  mano de obra superbarata en las zonas francas. En estas zonas, dominadas especialmente por capitales estadounidenses, los derecho sindicales de los trabajadores son continuamente violentados y esta reivindicación, junto con el pedido de retiro de las tropas ocupantes, son las principales banderas de la Central de Trabajadores Haitiana.

También la Constitución Haitiana ha sido vulnerada con la presencia de soldados extranjeros durante 9 años; es la comunidad internacional la que determina cuándo y cómo se deben hacer elecciones y además digitan quiénes deber ser los candidatos funcionales a sus propósitos.

Por lo tanto nos resulta sumamente preocupante que un país de tradición democrática como el nuestro,  que padeció una dictadura  de la que Ud. también fue víctima, se preste a legitimar esta situación participando de la ocupación a un pueblo hermano como HAITI.

Sr. Presidente: en mérito a todo lo expuesto los abajo firmantes lo exhortamos a Ud. en su condición de Comandante en Jefe de las Fuerzas Armadas de nuestro país y de su pasado revolucionario, a ordenar EL RETIRO INMEDIATO DE LAS TROPAS URUGUAYAS  EN HAITI.