29 de set. de 2011

Retirada imediata das tropas

Ás véspera da renovação do mandato da Minustah, haitianos intensificam luta contra ocupação*

Mais e mais se repetem manifestações nas ruas do Haiti, levantando a exigência da retirada das tropas de ocupação da missão da ONU (Minustah), cujo mandato está para ser renovado em outubro.

“Abaixo a Minustah, cólera”(referência à epidemia de cólera que matou seis mil haitianos, transmitida por soldados do Nepal), “Brasil + Chile = ocupação”, são algumas das faixas levantadas nas manifestações.

Em 14 de setembro, os estudantes foram duramente reprimidos, com bombas de gás lacrimogêneo, durante manifestação. Estudantes da faculdade de etnologia afirmam que continuarão a se manifestar até que as tropas Minustah saiam do país. Em cartazes fixados na faculdade eles exigem “Proibição dos soldados da Minustah de circular na faculdade”.

Elie Odivin, porta-voz do movimento, diz que se trata de “livrar o país desses soldados da missão que custa sete milhões de dólares, enquanto boa parte do povo haitiano vive em extrema pobreza, com menos de um dólar por dia”.

Nem mais um dia!

O povo do Haiti não suporta mais um dia de ocupação. Manifestações e denuncias contra as tropas ocorrem há anos. Mas elas explodiram, nas últimas semanas depois que foi tornada pública a denúncia, com vídeos, de um jovem haitiano violentado por soldados das tropas uruguaias que integram a Minustah. Todos comprometidos com a ocupação, inclusive o ministro da Defesa Celso Amorim, tentaram explicar que esse fato era um episódio isolado. Ora, quando um país é esmagado em sua soberania por tropas estrangeiras, abusos como esse, e outros, são ocorrências comuns, como provam fartas denuncias documentadas.

Há sete anos o povo resiste à ocupação. Há sete anos o imperialismo mantém a ocupação que joga cada vez mais o povo haitiano numa situação de barbárie. Em crise, o imperialismo, através da ONU, fala agora em retirada gradual. Solinas, seu representante que recebeu em agosto uma delegação pela retirada das tropas falou em “uma notícia boa e uma má notícia”.

A “boa” seria que o secretário geral da ONU, Ban Ki Moon, vai apresentar um relatório com uma estratégia de saída das forças da ONU do Haiti. A “má notícia” seria que essa retirada “não será para amanhã, será gradual”.

Fignolé, dirigente da Central dos Trabalhadores Haitianos (Cath), presente na delegação respondeu:

“A boa e a má notícia são uma coisa só: o Haiti continuará um país ocupado, num futuro indefinido”,

Em 5 de setembro, o ministro Celso Amorim declarou: "Não podemos ter uma saída desorganizada que gere uma situação de caos". Não, senhor ministro, nem mais um dia! A situação de caos que vive o Haiti foi criada, desde a deposição do presidente Aristide e a posterior ocupação por essa dita “missão de paz” que está impondo uma situação de superexploração, repressão, degradação do país ao esmagar sua soberania.

Retirada imediata das tropas, é a exigência que levantará o Ato Continental de 5 de novembro em São Paulo.

Misa Boito

Ato Continental 5 de novembro

Organize caravana em sua escola, em seu local de trabalho, em seu bairro. Companheiros de vários países se juntarão para exigir o fim da ocupação. No Brasil várias entidades, sindicalistas e dirigentes confirmam presença, como Renato Simões. Membro da Executiva Nacional do PT ele explica: “Estarei no ato do dia 5 de novembro porque reconheço a necessidade da mais breve substituição da presença militar brasileira no Haiti por ajuda humanitária, fortalecimento do Estado Nacional e reconstrução da infra-estrutura e políticas públicas que resgatem a soberania e os direitos daquele povo irmão”.

15 de set. de 2011

Ato Continental pela retirada imediata das tropas da ONU do Haiti

DIA 5 DE NOVEMBRO,
EM SÃO PAULO • 15 HORAS


Câmara dos Vereadores de São Paulo
(Salão Nobre - 8º. Andar)

Viaduto Jacareí, 100 – Centro
(próx. ao Metro Anhangabaú)

Comitê “Defender o Haiti é Defender a nós mesmos”
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - ALESP

Contatos e novas adesões: comitedefenderhaiti@uol.com.br


Ato Continental pela retirada imediata das tropas da ONU do Haiti

DIA 5 DE NOVEMBRO,
EM SÃO PAULO • 15 HORAS


Câmara dos Vereadores de São Paulo
(Salão Nobre - 8º. Andar)

Viaduto Jacareí, 100 – Centro
(próx. ao Metro Anhangabaú
)
Em outubro, o Conselho de Segurança da ONU discute a renovação por mais um ano da “Missão pela Estabilização do Haiti” (MINUSTAH). O relatório do secretário-geral da ONU indica a renovação do mandato das tropas.


No Brasil, o novo ministro da Defesa, Celso Amorim declarou que “é hora de discutir uma saída organizada, inclusive com as Nações Unidas, claro. Não sei se em agosto, dezembro, janeiro, não é o que importa” (Folha de S. Paulo, 10.08.11).

No Haiti, milhares de haitianos continuam saindo às ruas exigindo a retirada das tropas. Várias organizações democráticas, populares e sindicais do Haiti se posicionaram pela retirada do que chamam de “tropas de ocupação”. O recente congresso da Central Autônoma dos Trabalhadores Haitianos (CATH), por exemplo, exigiu a “anulação total e incondicional da dívida do Haiti, a retirada imediata de todas as forças de ocupação da MINUSTAH e a reparação dos danos gerados pelo cólera trazido ao país pelas tropas” (*).

O povo está farto da ocupação, que pisoteia sua soberania. Somos solidários, queremos ver o povo do Haiti livre. Já passou da hora do Brasil retirar suas tropas!
São mais de 7 anos de ocupação, com o Brasil liderando tropas de 42 países, sobre as quais pesam acusações de violação, repressão ao movimento dos trabalhadores operário e assassinato de lideranças haitianas.

A Presidente Dilma deve tomar a iniciativa, trazendo de volta o contingente brasileiro.
O que o Haiti necessita é de médicos, enfermeiros, engenheiros, ajuda técnica e material para a sua reconstrução, e não de soldados para reprimir as legítimas manifestações de seu povo.

Levantamos a bandeira da imediata retirada imediata da MINUSTAH!

Convidamos todos para um Ato Continental, com representantes de outros países do continente, que lutam pela retirada da MINUSTAH.

São Paulo, Agosto de 2011


(*) a ONU finalmente reconheceu que o vibrião do cólera foi introduzido no país pelo contingente do Nepal; ele contaminou 300 mil e matou 5.800 haitianos; o custo anual da MINUSTAH, US$ 850 milhões, é nove vezes o que a ONU gastou com a epidemia.